quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Uma Pincelada sobre o Xadrez Escolar

Quanto a estrutura histórica milenar do jogo de xadrez muitos já conhecem. Porém uma variável histórica desta feliz invenção lúdica vem fazendo um sucesso à parte desde de suas primeiras iniciativas, eu falo do xadrez dentro das escolas, hoje o comumente chamado xadrez escolar.



Alunos em prática
Introduzido inicialmente nos meados do século XX na Rússia, o xadrez dentro das escolas começou a atrair a atenção de educadores ocidentais dentro da década de 60.Tendo experiências isoladas em algumas partes do mundo com grande significado. E hoje são inúmeras as justificativas que cercam e defendem o xadrez dentro do cotidiano de uma escola. Em atenção ao jogo , como no desenvolvimento desportivo, no seu lado científico alargando a visão lógica e o lado artístico como campo disponível à criatividade e admiração do praticante.



O xadrez humano é uma boa alternativa de vivência e de noção espacial além de ser uma atividade prazerosa para os alunos . Lembrando que a ação corpórea e toda dinâmica é elemento aliado na construção de conhecimento




“Aprendemos com o xadrez o hábito de não nos desencorajarmos diante do mau estado dos negócios presentes, o hábito de esperar por uma mudança favorável, e o de perseverar na busca de novos recursos”.

Benjamin Franklin



Uma questão foi levantada ao meio dos que fazem o xadrez escolar: sim ou não ao xadrez curricular (o xadrez instalado junto à grade curricular regular da escola). Muitas são as opiniões. Algumas autoridades sobre o assunto dizem não, alegando que vê como um ato autoritário obrigar a prática enxadrística dos alunos que se opõe à pratica. Minha opinião em particular é de apoio ao xadrez currícular , pois creio que a cada montante de alunos insatisfeitos com a matéria introduzida na grade semanalmente, teremos um grupo substancial de alunos interessados e hoje praticantes que talvez ,de modo algum, teriam contato por livre espontânea vontade, dado ao grande número de atrações e abstrações que a mídia geral empacotam anualmente para cada geração que se forma. De fato é uma discussão longa. De qualquer forma que a condução de uma sala de xadrez opcional é bem mais fácil que de uma sala curricular.Porém no xadrez curricular apresenta-se como uma possibilidade impar de incluir ações complementares e interdisciplinares muito bem vindas no desenvolvimento cultural e enxadrístico do aluno. Já no caso opcional muitas vezes o xadrez recebe uma conotação bem mais intensa de jogo somente, que não é nem um mal pois a prática enraíza a grande parte dos benefícios do xadrez nas crianças.




Alunos de 6 anos montam o próprio tabuleiro de xadrez , onde de acordo com a sequência utilizada sensibilizam na prática quanto a formação geométrica do campo de batalha do jogo de xadrez.








Estímulo ao trabalho em grupo com a interatividade que o tabuleiro mural nos dá diante da sala de aula.

O atual professor de xadrez , falo como um deles que caminha nesta trilha há mais de 10 anos , tem que lançar mão de forte poder motivacional pois os alunos dentro de alguns núcleos pulam em galho em galho das tantas opções que o mundo oferece, criando uma limitação da dedicação uma vez que o seu tempo está cada vez mais segmentado. Surgindo também dúvidas quanto aos hábitos a seguir pela afinidade e bem estar. Assim sendo o xadrez pode ser encarado pela mesma pessoa um dia como a oitava maravilha do mundo e em algum momento(pela mais variadas causas) se transformar em algo que ele passa a renegar . Isto pode ser causado por uma simples decepção em um torneio, uma tensão momentânea muito forte familiar ou até mesmo interesse por algo que está vivendo recentemente. Desta forma a ação de motivador do instrutor é de fundamental importância para a perfeita manutenção da prática do xadrez destes educandos. E neste meio é importante a perfeita dosagem da variação de atividades propostas. Que no meu caso vão do desenvolvimento do gosto do xadrez pelo xadrez até dando a oportunidade dos alunos demonstrarem desenvoltura em atividades complementares como desenho, montagem de quebra-cabeça,um pouco de jogo de damas etc (veja as fotos) , valendo aí a criatividade do instrutor e de sua disponbilidade de tempo, espaço e infra-estrutura.




Montagem de quebra-cabeça, uma forma interessante de agregar ação estratégica , trabalho em grupo e literalmente um relax do dia-dia geral escolar...


Deve-se ressaltar no âmbito do xadrez escolar a transmissão ao aluno da importância deste em se esforçar quanto a reflexão mais minuciosa , e que consiga retirar pelo menos um pouco da ação imediatista da criança, toda automática (incentivada pela geração mause e toda leva computacional). E que a regra “peça tocada , peça jogada” não vire uma regra punitiva mas antes sim, um alerta para o aficionado ,que detêm o direito do lance, atentar-se mais na decisão. E o toque na peça não tenha a reflexão de algo autômato mas de decisão interna(mesmo que seja errado ...mas antes de tudo é a decisão dele, por ele calculado ,em um tempo por ele visto como suficiente).Desta forma, neste momento concluí-se uma máxima da vida ,a da “ação e reação”, que se ilustra no xadrez muito bem nas conseqüências de cada jogada praticada dentro das variadas posições deste pequeno mundo de 64 casas. Em toda a riqueza do xadrez escolar, o Brasil já se vê bem servido em algumas regiões ...onde professores já dentro de suas histórias de aulas semanais desempenham de acordo com seu estilo e labuta um rico legado para as gerações futuras. Sendo que cada um destes profissionais anônimos ou não, já formam um enorme testemunho da riqueza do xadrez como ferramenta pedagógica.

Creio eu que já progredimos muito dentro do xadrez escolar porém , acho que em uma parte ou outra ainda nos encontramos no impirismo . Desta forma chamo a atenção para a importância da realização de eventos em nível nacional para encontros técnico-pedagógico de professores , instrutores e treinadores de xadrez para que se promova trocas de conhecimento. Onde pequenos detalhes já experimentados por uns pode ser o alívio de outros tantos novos professores de xadrez que estão surgindo no nosso país . Assim me coloco a disposição para uma ajuda direta na promoção de um evento deste porte que venha reunir necessariamente profissionais das várias regiões brasileiras.



Enfim ...uma rica atividade que começa aos 6 anos e que não tem idade para acabar!

As fotos que ilustraram esta postagem foram tiradas durante as aulas de xadrez da Escola Chave do Saber - Cuiabá - MT, onde realizo um trabalho curricular do primeiro ano ao quinto ano e treinamento individualizado do sexto ao nono ano.
http://www.chavedosaber.com.br/
Abraço a todos e até breve Nos Tabuleiros da América





























Um comentário:

Guardiões da Biodiversidade disse...

Concordo com você em relação ao xadrez curricular. Os beneficios do xadrez escolar já são evidentes. A contribuição para o desenvolvimento do raciocínio lógico, estratégia... enfim...são fatores que "pesam" positivamente. Qdo a criança passa a conhecer o xadrez, se encanta. E com a proposta de aulas bem elaboradas, variadas e lúdicas, a chance de encantamento é muito maior. E para que realmente funcione, sem dúvida é necessária uma interação interdisciplinar, um preparo maior por parte de professores e instrutores. Vamos lá! Lançando essa semente, e quem sabe, logo logo essa proposta saia do papel e o xadrez passe a fazer parte de nossos curriculos escolares!